Todo Mundo Quer Falar

Monday, September 26, 2005

A condição e a sabedoria

O Bloom falou que sabedoria é aceitar a condição humana. Ele é um crítico literário de quem só ouvi falar. Chega de Bloom, o resto sou eu.

Por exemplo, você já percebeu que a vida não tem sentido quando você pergunta se ela faz? Melhor passar sem fazer a pergunta, ou se fizer, aceitar que a resposta não agrada.

Condição humana é sofrer e ser feliz de acordo com as situações. A felicidade eterna é histórinha para boi dormir. Ou vai dizer que você acredita que pode sorrir sempre?

Você tem que aceitar a ansiedade, o frio na barriga e o fato de estar em um universo no qual você é tão infinitamente pequeno quanto ele é infinitamente grande.

Que mais? Ah, você não pode reverter o tempo, nem pode escapar da morte. Tem uma coisa que talvez cause certo impacto, ainda mais no mundo estético de hoje... você também não pode mudar de corpo.

Parece pessimista, mas não é. Humano é o que você é. Humano é o que você deve ser. Claro que é permitido se tornar uma pessoa melhor. Um bom começo é aceitando que você é humano.

Não se pode esquecer que ser humano é parar com todos os questionamentos e preocupações quando se está com outro ser humano.

Thursday, September 22, 2005

Alguma literatura

Eu gosto muito de literatura. Quero escrever uma infinidade de livros de contos e romances. Mas literatura é um problema...

Acredito que os livros de literatura são mais adequados para transmitirem alguns tipos de conhecimento do que o são os livros científicos. Simplesmente porque a linguagem da literatura se aproxima e até supera a linguagem que utilizamos no dia-a-dia para entender a realidade. A literatura nos entrega textos síntese, em que cada palavra pode se desdobrar em um milhão de possibilidades e significados. É mais fácil, por exemplo, transmitir como um sentimento é desenvolvido por meio de textos literártios. A linguagem da ciência, por outro lado, pretende transmitir um e somento um significado.

A literatura se torna um problema quando os significados dos textos fica muito escondido. Alguns admiram isso e dizem que o maravilhoso da arte é essa capacidade de transmitir um milhão de possibilidades. Eu penso que quando o significado fica escondido é porque o autor tem sérios problemas. Deveria procurar um psiquiatra, tomar um remédio e tentar escrever de novo.

É melhor colocar assim: seria bom colocar algum limite na distorção da realidade. A linguagem serve principalmente para transmitir informações. Se isso não for alcançado, então um outro nome deveria ser dado ao amontoado de palavras. Não estou defendendo uma literatura parecida com ciência. De jeito nenhum! Ciência é chata. Eu gosto porque sou chato. A interpretação idiossincrátiva da literatura deve continuar! O que estou dizendo é que a interpretação deve ser possível.

Também há a literatura pela beleza das palavras, em que o significado é deliberadamente deixado a escanteio e a forma é elevada à condição máxima. Isso é compreensível. A estética é importante à literatura, acho até que é fundamental a ela. Mas a literatura que apenas pretende a forma não deve estar em romances.

Uma realidade nova a ser apresentada, ou uma interpretação incomum da realidade precisam ser compreendidas em algum grau. Defendo a expulsão dos textos incompreensíveis que só prestam ao autor. Eu prometo que minha literatura será passível de entendimento. E prometo que quando eu distorcer a realidade violentamente, vou fazer de forma que ainda se possa entendê-la. Se algum dia eu violar esse princípio, avisem-me.

E vocês, o que acham da literatura incompreensível?

Tuesday, September 20, 2005

Comerciais de TV

Poucos são os comerciais de TV que me chamam a atenção positivamente...a maioria quer mesmo é nos chamar de idiotas, seja na caruda ou sutilmente, ou quer vender alguma coisa dando a ela propriedades que ela não tem.

Um comercial que nos chamou de idiotas foi o dos celulares Oi!. Sorvete na testa de quem não tem um Oi!...tsc, tsc...será que eles acham que vão convencer alguem a comprar celular assim? Ou será que os marketeiros acham que estão sendo engraçados de verdade, assim na inocência mesmo? (acabei de rir com este meu pensamento).
Sabe o que vende celular? PROMOÇÕES DE VERDADE...do tipo "fale até cair a lingua por um bom preço com o celular da sua namorada ou amigo..."

Bom de qualquer forma, quem fez este comercial tem que voltar para a escola, rever seus conceitos, parar de assistir A Praça é Nossa e Zorra Total, porque este tipo de humor não é nada engraçado. Pelo menos eu acho.

Sunday, September 18, 2005

Coisas de sampa

Todas as cidades têm suas particularidades. São Paulo tem um milhão delas.

De todas, a que admiro mais é o paradoxo mercado-municipal/25-de-março. Acontece assim: as pessoas com baixa renda colocam roupas bacanas para comprar mercadoria barata na 25 de março e as pessoas com alta renda colocam roupas surradas para comprar pão com mortadela caro no mercado municipal. Isso acontece a poucos metros de distância.

São Paulo é a cidade do Paulo nada são. Chamem-me de radical, mas qualquer pessoa que só se sente satisfeito com bilhões na poupança não é um exemplo de sanidade.

É permitido parar em fila dupla, pois o vizinho também pára. É permitido fechar o vizinho, pois o vizinho também fecha.

Quem mora em São Paulo não percebe o absurdo da distância. Atravessar a cidade é comum. Pessoas com olhos destreinados, porém, sentem cansaço só de pensar em cruzar o semáforo.

É uma cidade tudo. Uma das poucas cidades tudo do mundo. Isso já faz dela especial.

Se você, leitor, tem outras particularidades para acrescentar, fique à vontade na caixa de comentários.

Thursday, September 15, 2005

3 rapidinhas da atualidade

1 - Tio Sam e seus tentáculos:

Tropas americanas no Paraguai. O motivo? Segundo os americanos é "Fazer o bem ao povo paraguaio". Segundo o governo paraguaio, é para os americanos "Aprenderem a lidar com catastrofes". Quando o Brasil questionou por não ter sido avisado, o presidente paraguaio disse: "Somos independentes desde 1811". Os milicos americanos ficam por lá até dezembro de 2006. Logo mais, podemos esperar uma base militar americana aqui pertinho...

2 - Paris Hilton e uns doidos

Ela veio ao Brasil fazer não sei o que, mas juntou um monte de gente para ver...foi em um shopping de bacanas aqui em SP...eles gritaram e ficaram doidos com a gringa...

3 - Contas do Valério

Vão ser preciso 2 anos para rastrear 75 contas que movimentaram 5 bilhões de dinheiros...noooossa...esquema ninja o pessoal da máfia tem não?

Tuesday, September 06, 2005

Pós-modernismo?

Pós-modernismo é um conceito amplo demais, o qual não compreendo em todas as suas implicações. Eu diria que é um nome que se dá a um conjunto de processos que estão ocorrendo no mundo. Os estudiosos observam produção literária, filosófica e científica, observam comportamentos em suas mais diferentes manifestações, observam tendências políticas e, com base nessas observações e em muitas outras, organizam e sintetizam tudo no nome "pós-modernismo".

Considerando que o pós-modernismo é, sinteticamente, as tendências de comportamento no mundo, pode-se começar a ficar assustado. Isso porque o pós-modernismo é anti-racionalista e anti-fundacionista e anti-qualquer-coisa-que-dure-mais-do-que-um-dia. Ou seja, o pós-modernismo é o caos que não reconhece bases; um sistema pessimista para o qual a realidade não possui unidade, já que tudo o que se escreve sobre a realidade são opiniões. Nas palavras de filósofos: não existe nenhum tipo de realidade, apenas jogos de linguagem.

Muitas pessoas podem gostar da idéia de desfragmentação, pois a verdade tornada relativa ao extremo pode incluir qualquer opinião. Isto é, qualquer coisa que se diga pode ser incorporada como válida, já que tudo é inválido. O problema dessa concepção é o caos: sem bases e sem fundamentos, nada resta. Desfazem-se, por exemplo, as teorias. A qualidade perde o sentido, já que não faria sentido comparar. A ética, já relativa, deixa de existir por completo. Esvanece até mesmo a historicidade dos processos, pois tudo começa a ser visto como sendo uma manifestação extraordinária e desprovida de bases.

Volto a dizer que "pós-moderno" se refere ao que é observado no mundo. Isso quer dizer que o ambiente atual conduz ao tipo de comportamento classificado como "pós-moderno".

Eu não sou radical a ponto de excluir prematuramente qualquer conceito da lista dos "válidos". Também não sou radical em firmar apenas uma perspectiva como correta, nem sou fundacionista. Mas defendo uma certa constância, sem a qual não se tem base para avançar. Somente apoiado no que está provisoriamente chamado de "correto" é possível criar outra base provisória. Sou, portanto, contra o pós-modernismo. Mas o pós-modernismo não surgiu do papel para os acontecimentos e sim dos acontecimentos para o papel... A pergunta realmente válida, por isso, é "o que fazer para parar os comportamentos 'pós-modernos'?".

Monday, September 05, 2005

Com a buzudanga do seu amnirilo

Com a buzudanga do seu amnirilo, eu gostaria de lhes pedir atenção.

Vi chocantes cenas acontecendo diante dos meus olhos abertos. Juro que vi. Tudo na mesma tarde, o que me faz desconfiar de certo sarcasmo transcendental... se houvesse tal coisa.

Vinha pensando no fato assustador de que a maior diferença de uma idéia em relação à outra é o quanto amamos cada uma delas. As idéias, descobri, são sobretudo diferenciadas pela quantidade de pessoas apaixonadas por elas. Verdade, validade, funcionalidade, ducaralioidade, não importam. Até porque são, no fundo, também idéias necessitando de amor.

Era nisso que estava pensando quando a menina bateu no irmão menor. Logo vi na mão do menino dois doces e na mão da menina, nenhum. A mãe brigou com a filha por ela ter batido no pobrezinho do ladrão. O ladrão ficou com o doce da vítima para ela aprender a não se defender mais. O futuro dos dois vocês imaginam: um vai ser o corrupto no poder, a outra o rebanho conformado.

Pouco depois, no centro da cidade, um dos profetas da rua alertava as pessoas para olharem para o céu. "Mais um religioso maluco" pensei. Eu estava errado. O profeta, que era na verdade um paranóico, queria alertar as pessoas para a possibilidade de que algo caísse do espaço em suas cabeças. Não um raio divino, e sim algo muito mais concreto, como uma lata de refrigerante de algum astronauta porcalhão.

O que me deixou boquiaberto mesmo foi um cachorro todo cinza, com pêlos curtos e olhar bonachão. Trafegava em meio as pessoas como um carioca da gema pisando propositadamente em ovos. Andava abanando o rabo no gingado de um samba que diz "malandro é malandro, mané é mané, diz aí, podes crer que é". Fui obrigado a seguir o cachorro furtivamente. O danado foi até uma padaria, onde o esperavam com um pãozinho. Logo depois foi até outra onde o esperavam com uma mortadela. Ele cortou o pão, colocou a mortadela dentro e ofereceu para uma cadela, à qual depois comeu.

E continuava eu pensando que uma idéia é igual a outra, igual igual. Só muda mesmo é a paixão.

Fato

Todo mundo quer falar. Poucos são os que têm relmente algo a dizer.

Tentarei ser invulgar em meus omniquestionamentos, pois quero deixar pegadas utéis pelo planeta. Chega de somente repetir. Criar coisas úteis é o que me deixa feliz.

Todo Mundo Quer Falar

Não é uma verdade que todo mundo quer falar?

Ainda mais hoje em dia. Tem tanta gente... alguma coisa é preciso fazer para se diferenciar.

Aqui também queremos falar. Sobre tudo. Principalmente sobre pessoas.